quinta-feira, 26 de março de 2009

Vik MAM-Rio

Fiquei empolgado com a exposição do Vik Muniz. Com a exposição.
Tudo muito arrumado, muito explicado.
As explicações são desnecessárias e as referências e as intenções do artista são óbvias para iniciados nas artes, mas não para a maioria do público leigo que visitou a exposição. E ao contrário da maioria das exposições, essa atraiu particularmente uma grande fatia de público leigo, conseguindo pegar o pessoal que está "longe do alambrado"*.
Trazer o público para perto da arte não é apenas bom mas necessário. E nesse ponto a exposição merece todos os créditos.
Quanto ao trabalho, é diferente, bem feito, asséptico, autêntico e garantiu ao artista um lugar ao sol no mercado de arte. Se aproxima muito do design sim, mas devemos encarar essa proximidade da arte com o design com outros olhos.
Se pegarmos algumas imagens estampadas em capas de livro, CD, DVD e outdoors, ou fotografias de moda/publicidade, e não pensarmos apenas no veículo (a capa, o outdoor, a revista) e na destinação (ou seja, a propaganda voltada para o consumo), mas sim no objeto fotografado e nos processos por trás daquela imagem (a montagem, a fotografia, a colagem), veremos que aquele produto acabado é o resultado de um trabalho artístico. Muitas vezes o designer é um profissional com formação acadêmica em artes visuais, mas que optou por uma carreira que passa à margem do circuito institucionalizado de artes.
Não nos esqueçamos que Picasso, Toulose-Lautrec, Lissitzky, etc, também fizeram seus posteres com todo tipo de propaganda.
Os limites entre a arte e o design são tênues e há quem reivindique que hoje em dia sequer existem. E há quem os provoque.

* Luiz Camillo Osório no Seminário "Imediações-A crítica de Wilson Coutinho", realizado no MAM-Rio em 2008, nos fala que a maioria das discussões de arte atrai apenas o público que está "próximo do alambrado", ou seja, tem um alcance limitado às pessoas que se interessam por arte.

2 comentários:

c. tinôco disse...

"E ao contrário da maioria das exposições, essa atraiu particularmente uma grande fatia de público leigo, conseguindo pegar o pessoal que está "longe do alambrado"*."

A pergunta que me faço Agnaldo é: porque será que esta exposição atraiu o público leigo? Será que a ida à exposição do Vik Muniz realmente trouxe as pessoas afastadas para o mundo das artes?

Lu disse...

"... e nos processos por trás daquela imagem (a montagem, a fotografia, a colagem), veremos que aquele produto acabado é o resultado de um trabalho artístico."
discordo. acho q isso é pura técnica.