sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marla Olmstead

Vi um documentário ontem chamado My kid could paint that (no Brasil com o título "Pintora aos 4 anos").
Conta a história da menina Marla Olmstead que começou a pintar aos 4 anos por incentivo dos pais e virou sucesso nos EUA, vendendo alguns quadros por dezenas de milhares de dólares.
Começaram a questionar a autenticidade das obras: o pai podia ser o pintor ou ter ao menos dado uma mãozinha (de tinta).
No final chegaram à conclusão que a garota era capaz de pintar sozinha (ainda que houvesse ajuda do pai em alguns quadros, suspeita não comprovada...).

O legal é o debate sobre arte: a velha querela abstrato x figurativo; como ainda persiste entre o público a idéia de que a produção artística deve se destacar pela perícia técnica; a idéia de que pintura abstrata qualquer um faz e coisas do gênero.

O documentário também nos faz pensar em como situar a produção de arte infantil em um mundo público da arte feita por e para adultos. Ninguém dúvida da genialidade de Mozart quando criança... mas e quanto à pintura abstrata de Marla?

Me lembrei de uma passagem de Michael Fried, citada por Paul Wood no livro Arte Conceitual, que diz que se o espectador não é capaz de reconhecer que uma pintura é “magnífica” então “não há nenhum argumento crítico que possa substituir esse sentimento” *.

Particularmente, gostei de algumas pinturas que vi pelo site (sem que necessariamente as considere "magníficas"). Não gostei das que se parecem com trabalhos escolares.
No geral, é um trabalho que tem um apelo visual forte, um bom equilíbrio de cores, "arte de gente grande".

Quanto ao título do documentário (original em inglês), acho que o diretor Amir Bar-Lev foi sensacionalista demais. Se meus filhos pintam daquele jeito eu não sei. Eu, com certeza, não.
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* WOOD, Paul. Arte Conceitual. São Paulo: Cosac Naify, 2002. p.40

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